De forma bem humorada, o vereador Eduardo Suplicy fez uma proposta inusitada em entrevista nesta quinta-feira (26/10) no programa “Clipping”, da TV Câmara; que os vereadores trocassem por uma semana o almoço oferecido pela Casa a eles pela farinata inventada pelo prefeito João Doria (PSDB), que foi rejeitada pela maioria dos especialistas em nutrição.
Suplicy aludia ao fato de que a farinata será alvo de discussões em audiência pública na Câmara Municipal e acredita que a intenção de Doria de incluí-la na merenda escolar precisa ser melhor discutida.
E foi isso o que aconteceu também nesta quinta na Câmara. o Programa Alimento para Todos, lançado no início do mês de outubro pelo prefeito João Doria (PSDB) foi o tema de uma reunião de trabalho da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher.
O Programa faria a distribuição de um composto, chamado de farinata, feito com base em alimentos processados, para a população com carências nutricionais.
A nutricionista Maria Garcia, pesquisadora em alimentos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), entende que esse Programa viola o direito humano à alimentação saudável e destaca que os alimentos processados devem ser evitados pela população.
“Ele vai contra o que se tem de evidências hoje, de políticas que efetivamente combatem a fome e promovem a justiça social. Existe um guia do Ministério da Saúde dizendo que a base da alimentação do brasileiro deve ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados.”
A presidente do Comusan (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional), Cristiane Gasparini Araújo Costa, também é contrária ao Programa Alimento para Todos e o uso de alimentos processados, mas entende que a polêmica pode ser usada positivamente. Isso porque ela chama a atenção para a segurança alimentar e pode fortalecer o Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, que já existe na cidade de São Paulo.
“Nós citamos muito o Plano porque nele estão contidas ações que deverão ser realizadas, como por exemplo a implantação de hortas ou restaurantes populares”.
A Empresa Plataforma Sinergia, que seria a responsável pela distribuição do produto, foi convidada a participar do debate na Comissão de Saúde, mas não mandou representante.