A audiência pública era sobre a Cracolândia, nesta quarta-feira (28/06), mas o tema que dominou foi mais uma ação desastrada e truculenta da Policia Militar contra pessoas desassistidas e moradoras de favelas.

Policiais militares realizaram uma operação perto da favela do Moinho, no centro da capital, que resultou na morte de um rapaz e lesões corporais em outros dois.

O vereador Eduardo Suplicy participou do evento e narrou com detalhes a ação incompetente, desde a chegada ao local supostamente à procura de criminosos até a invasão dos policiais de um barraco onde o jovem Leandro de Souza foi agredido e morto.

Suplicy questionou o procedimento dos policiais e informou sobre as cartas que enviou ao governador Geraldo Alckmin e ao prefeito João Doria, ambos do PSDB, pedindo providências a respeito do caso, da situação da favela e do apoio à família do homem morto.

A vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), por sua vez, criticou a falta de interesse da prefeitura em discutir a questão.

“Foram convidados os secretários de saúde, de assistência social e de habitação para a audiência pública sobre a Cracolândia. Mas o governo só enviou o secretário de Justiça, Anderson Pomini. Isso diz muito sobre qual a visão da gestão Doria sobre a Cracolândia. Gestão do porrete que ignora os aspectos sociais e humanos”, disse a vereadora, que ainda questionou: Qual o amparo que vai ser dado para aquela população e qual o tipo de tratamento de saúde, de abordagem, que serão dados sobre o tema da dependência química?”

Pomini se esforçou para defender as ações da Prefeitura de São Paulo na Cracolândia, mas se limitou a informar alguns dados criminais e dados estatísticos sobre as ações.

Segundo o secretário, nas operações realizadas na Cracolândia, 140 traficantes foram presos e 600 pessoas internadas. Pomini afirmou que, mesmo com críticas, a Prefeitura não vai recuar.

“É um problema social, um problema que exige uma iniciativa forte, que exige que a Prefeitura avance juntamente com as demais instituições. É preciso que Tribunal de Justiça, Ministério Público, governos Federal e Estadual se unam. A sociedade também deve se unir na briga contra o tráfico de drogas”, disse.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo criticou a internação involuntária dos dependentes químicos. Mauro Aranha disse que apenas retirar as pessoas do local pode ser uma falácia. “Se não for dado o ‘reacesso’ ao Estado, à vinculação familiar, comunitária, é uma ilusão”, afirmou ele.